sábado, 9 de janeiro de 2010

Bronze no país das carnaúbas

Folheando o livro “Barra – Um retrato do Brasil”, da professora Joana Camandaroba e do frei Arlindo Itacir Battistel, encontrei uma biografia de Deocleciano Martins de Oliveira. Coisa pequena, porém reveladora. Para o leitor que não o conhece, transcrevo os dois parágrafos iniciais:

“Desembargador Deocleciano Martins de Oliveira. Gênio da arte poética, escultor e desenhista. No palácio da Justiça no Rio de Janeiro, figura extraordinária estátua representando a Justiça. Em toda a região são-franciscana, Mato-Grosso, Rio de Janeiro há marca em sua passagem, tais as lindas estátuas em bronze: São Francisco, São João, Senhor Ressuscitado, o busto de Dr. José Ferreira Muniz, o busto de Dom João Muniz, os bustos dos barões do império, figuras nos chafarizes e jardins de nossa cidade.
Em Três Marias, Lapa do Bom Jesus, Juazeiro, Paulo Afonso encontra-se um pouco da alma genial desse artista”.

O homem foi um “monstro”, uma “aberração da natureza”, tudo no bom sentido. Quase que completamente esquecido no país, Deocleciano produziu incontáveis e valiosas obras de escultura, entre elas os doze apóstolos que decoram a entrada da gruta de Bom Jesus da Lapa e as estátuas que ornamentam o Palácio do Justiça no Rio de Jeneiro. Na literatura, deixou diversos livros com temáticas relacionadas à vida no rio São Francisco e seu folclore, tais como “No país das carnaúbas”, “Marujada”, Caboclo d´água” e “Os romeiros”, entre outros.

Tendo nascido na Barra em 1906, Deocleciano mudou-se aos 17 anos para Cuiabá, depois que o comércio de seu avô, o capitão Joaquim Vim Vim, faliu e a família foi à bancarrota. Ao concluir o curso ginasial, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, em 1931, diplomou-se em Estudos Jurídicos e Sociais. Foi auditor de guerra, comissário de polícia, juiz de direito do antigo Distrito Federal e, finalmente, desembargador do Rio Janeiro. Morreu em 1974, aos 68 anos de idade.

3 comentários:

  1. Personalidades como o Deocleciano de Oliveira não podem ficar no anonimato. Muito boa a iniciativa. É preciso divulgar e valorizar estas figuras que contribuem e contribuiram para o engrandecimento social de nossa região, do nosso país.

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  2. Uma personalidade prodigiosa da grandeza do conterrâneo DEOCLECIANO MARTINS DE OLIVEIRA, por muitos conhecido merecidamente como o ESCULTOR DA JUSTIÇA, não poderá ficar esquecido ou cair simplesmente no anonimato. O esquecimento não foi engendrado para gigantes como ele.

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  3. trabalho artístico de grande valor, significado cultural e histórico da nossa região,marca a nossa identidade e por ser arte deve ser preservada para além da contemplação.

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