domingo, 24 de janeiro de 2010

Viagem de canoa da serra da Canastra ao oceano Atlântico

O Correio Braziliense publica hoje matéria sobre a aventura, no rio São Francisco, do ambientalista João Carlos Figueiredo, 60 anos, que percorreu de canoa, em 99 dias, 2.500 quilômetros entre São Roque de Minas, onde se situa a serra da Canastra, e a foz em Piaçabuçu, Alagoas, aonde chegou em 7 de dezembro passado. “Ele iniciava o dia por volta das 4h, remava por até 10 horas e só parava no fim da tarde, para se alimentar e descansar”, diz o jornal.

É inevitável lembrar a viagem do aventureiro inglês Richard Burton que, em 1867, saiu de Sabará, também de canoa, descendo o rio das Velhas e indo, São Francisco adentro, parar na praia. A aventura foi relatada em um diário de Burton que se transformou no livro "Viagem de canoa de Sabará ao oceano Atlântico".

De João Carlos Figueiredo, recolhi alguns comentários reveladores feitos no sítio do Correio Braziliense, a propósito da matéria publicada. Leia a seguir.

Realidade geográfica
“A tradicional divisão do rio em quatro sub-regiões já não corresponde à realidade geográfica, política, econômica e social. As grandes represas de Três Marias, Sobradinho, Itaparica e Xingó modificaram definitivamente essa situação, criando áreas confinadas com padrões sócio-ambientais próprios.”

Barragens
“Hoje existem oito barragens no rio São Francisco: Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso (4) e Xingó. Além de construir mais quatro turbinas em Xingó, o governo pretende construir mais três barragens em Santa Maria da Boa Vista, Orocó e Pão de Açúcar, acabando de vez com a piracema.”

Fiscalização
“A região de Alagoas que mencionei como um paraíso ambiental é Marituba, uma APA que, lamentavelmente, não tem nenhuma fiscalização e por isso suas margens estão sendo queimadas e transformadas em pastagens, sem que nehuma autoridade ambiental tome qualquer providência!”

Revitalização
“A despeito do que afirma o governo, não existe um projeto de revitalização para o rio São Francisco. O que se observa são ações isoladas, de pequeno impacto ambiental, como é o caso das dragas que fazem o aprofundamento da calha do rio entre Barra e Bom Jesus, movendo a areia de um lado para outro.”

Pesca predatória
“Em toda a extensão do rio São Francisco, que percorri em minha expedição, só encontrei um barco do IBAMA; nenhuma fiscalização eficaz para coibir a pesca predatória, que é feita com enormes redes de arrasto, até mesmo durante o "defeso", no período da piracema.”

Carvão
“As indústrias de siderurgia e mineração são usuárias do carvão produzido nos fornos clandestinos do sertão baiano, e seguem em grandes carretas durante a noite, à revelia da lei e com o conhecimento de todos. Assim, o Cerrado e a Caatinga são, gradativamente, extintos em nosso país...”

Transposição
“O meu maior questionamento com relação às obras da Transposição está relacionado à falta de água nos mesmos territórios de onde a água será retirada. Em Cabrobó, Santa Maria e Orocó, só para citar alguns municípios, grande parate da população ainda depende dos carros pipa para ter água potável!”

Oeste baiano
“Um aspecto da maior relevância e não mencionado na reportagem está relacionado com os conflitos fundiários na região do oeste baiano, onde os movimentos sociais de quilombolas e indígenas sofrem as agressões do agronegócio e são humilhados em sua própria terra. É uma tragédia esquecida por todos...”

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