
"Por preconceito ou má vontade, as carrancas brasileiras permaneceram muito tempo desprezadas no mundo da arte. Feitas por artistas populares, diletantes ou autodidatas, sofreram com os rótulos simplistas e a falta de visão dos próprios conterrâneos. Depois de uma longa luta por seu reconhecimento, levada a cabo graças a insistência de artistas nacionais, como Roberto Burle Marx, e estrangeiros, como o fotógrafo francês Marcel Gautherot, as esculturas ganharam espaço privilegiado no acervo dos mais importantes colecionadores do mundo. Escolhidas entre coleções do comendador português Joe Berardo e o galerista Jean Boghici pelo produtor cultural Romaric Büel, algumas das obras mais representativas do gênero, assinadas por carranqueiros como Agnaldo Manoel dos Santos, Afrânio Barca e Francisco Biquina dy Lafuente (popularmente conhecido como Guarany), voltam agora ao alcance do público na exposição O triunfo das carrancas, que abre nesta terça-feira no Centro Cultural dos Correios."
O texto acima é o primeiro parágrafo de uma matéria publicada hoje pelo Jornal do Brasil. As carrancas, que inicialmente tinham menos uma função decorativa do que utilitária - espantar os maus espíritos para proteção contra naufrágios - nas barcas do São Francisco, estão ganhando o status de obras de arte, como se vê. Nada mal, mas seria preferível que elas estivessem reunidas em algum museu na beira do Velho Chico, para que os barranqueiros e outros brasileiros pudessem apreciá-las à vontade.
Não podemos, porém, deixar de reconhecer que a valorização das carrancas deve-se principalmente ao esforço de pessoas de fora. Daí a necessidade de um esforço no sentido de fortacer a cultura da bacia do São Francisco, de uma forma que sua população possa se orgulhar do seu patrimônio.
Obs.: A foto acima mostra Guarany na sua oficina, em Santa Maria da Vitória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário